Quantcast
Channel: O Melhor Do Piauí
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1135

Cantor assume autoria de rap e fala da violência policial na periferia

$
0
0
Um jovem chamado “Preto Kedé” [foto ao lado] assumiu a autoria do rap apontado pela polícia como criminoso. Ele integra o grupo de Hip Hop "A Irmandade", originário da zona Sul de Teresina e que tem 10 anos de trabalho.

Em seu perfil no Facebook, o rapaz se pronunciou sobre a polêmica em torno da música e denunciou, mais uma vez, a truculência da polícia na periferia.

O rap que repercutiu hoje na imprensa foi entendido pela polícia como uma ameaça de morte a policiais do Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial). A letra menciona o subcomandante do Rone, capitão Fábio Abreu, e o tenente Mota, do Moto Rone, também conhecido como Avelar.

Confira aqui o rap polêmico.

“Marginais fardados, (...) está chegando a hora de vocês”, diz o rap, como que intimidando os oficiais da Polícia Militar. Ao mesmo tempo, a música denuncia abusos de autoridade por parte da polícia. Fala em cicatriz, hematomas e chibatadas nas senzalas, lembrando a criminalização do negro.

Em meio à polêmica, Preto Kedé desabafou no Facebook: “Corporações às quais o Estado concede o monopólio do uso da força não podem confundir autoridade com autoritarismo. A elas não é dada permissão para violar direitos humanos, ferir a cidadania, ainda que em confronto com bandidos, ocasiões em que, não raro, a resistência à prisão passa a ser usada como justificativa para homicídios”.

Ele disse que a música foi um meio de delatar a violência policial. "Quem cresceu vendo policia derrubando porta de barraco, dando tapa na cara primeiro para depois averiguar se é bandido ou cidadão sabe do que eu estou falando e sabe o eu quis falar na letra”, declarou.

Preto Kedé esclareceu que sua intenção não era intimidar policiais militares. "Não foi uma forma de amedrontar eles. Isso foi uma revolta minha. É preciso ver como eles agem nas ruas, nas vilas. Para eles, todo mundo é marginal", destacou.

O motivo de tanta revolta, ele diz ter sentido na pele. "Tiro por mim. Eu, negro, totalmente discriminado. Todo dia eu sou humilhado, baculejado pela polícia. Jogaram o carro para cima de mim, sem motivo. Bateram na minha cara, jogaram meu boné do outro lado da rua", apontou.

O grupo “A Irmandade” possui outras músicas que criticam a atuação da polícia. Muitas estão disponíveis no site nacional “Palco MP3”, de música independente. Preto Kedé, inclusive, já se apresentou junto com o grupo em um programa de TV local. Só agora suas músicas foram interpretadas como apologia ao crime.

Para o capitão Fábio Abreu, os autores do rap devem ser responsabilizados. De acordo com ele, os mesmos já têm passagem pela polícia, por porte ilegal de armas. Preto Kedé, entretanto, nega já ter sido preso.






Fonte: O Dia

Viewing all articles
Browse latest Browse all 1135