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Agradou a crítiva: "Geração Brasil" tem ótima estreia

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A proposta de juntar interatividade com folhetim não é exatamente nova, e a experiência transmídia mais bem sucedida entre novela e internet foi em Cheias de Charme (2012), não por acaso assinada por Felipe Miguez e Izabel de Oliveira, que estrearam nesta segunda (5) Geração Brasil, com direção de núcleo de Denise Saraceni, também parceira do trabalho anterior. E mais uma vez a mídia cumpre papel fundamental na história da dupla, que conta, ainda, com a ajuda da tecnologia para compor o enredo.

A narrativa gira em torno de Jonas Marra (Murilo Benício), homem inteligente e que, segundo sua mulher, Pamela (Claudia Abreu), tem uma “exceptional autoestima”. Por falar no casal, eles surgem dançando na primeira sequência da novela. São jovens e já conquistaram a simpatia do público logo na primeira cena. Pamela é estrela da televisão americana e, apesar de ser brasileira, tornou-se tão americanizada que se sente “a própria mineira do acarajé”. Claudia Abreu e Murilo Benício são a alma da novela.

Magnata da indústria tecnológica, Jonas nasceu no Brasil e fez carreira e fortuna nos Estados Unidos. Mas ele decide ir em busca de suas raízes e encontrar um novo gênio em sua terra natal. Para isso, propõe um reality show homônimo à novela para descobrir o novo cabeça da sua empresa.

A trama então regressa três meses para a cerimônia de renovação de votos do casal. Um clipe apresentando a história dos dois, ao estilo dos programas de celebridades americanos, é mostrado. Nele, vimos que Pamela visita refugiados na Jordânia e Jonas aparece ao lado de celebridades e políticos, como o presidente norte-americano Barack Obama.

O elenco é quase um repeteco de Cheias de Charme, mas os tipos vistos em cena são completamente diferentes _o que salva a trama atual de comparações. Os melhores exemplos são Claudia Abreu, sempre versátil, e Isabelle Drummond (Megan), atriz que conquista cada vez mais o público com sua atuação naturalista. As duas são mãe e filha. Há de se notar um certo desconforto no sotaque que as duas impuseram às personagens, mas nada que não possa ser corrigido com o tempo. Em relação a elas, vale o destaque para o figurino caprichado de Gogoia Sampaio.

A direção optou pela simplicidade e não ousou tanto, mas inserções gráficas no vídeo ajudaram a localizar o espectador e a dar um aspecto tecnológico que casa muito bem com o enredo principal. Indicar no vídeo o que as mensagens dos celulares dos personagens dizem também foi uma excelente saída (já vista em House of Cards). A novela abarca ainda romance e, sobretudo, humor, ingrediente que estava em falta no horário. Luis Miranda (Dorothy), Lázaro Ramos (Brian) e Rodrigo Pandolfo (Shin-Soo) estão impagáveis.

A descentralização inicial da novela é um ponto positivo, embora seja sabido que depois de um certo tempo a história irá se concentrar no Rio de Janeiro. O primeiro capítulo teve belas tomadas na Califórnia (Estados Unidos), na capital carioca e no Recife, onde o público viu cenas que fogem do Nordeste estereotipado, com personagens cômicos. É lá que mora a mocinha da trama, Manu (Chandelly Braz), uma jovem antenada.

Humberto Carrão, depois de um papel desafiador em Sangue Bom, surge com a difícil tarefa de interpretar o mocinho Davi. É um ator que cresce a cada trabalho e, embora agora tenha aparecido mais contido, tem grandes chances de deslanchar e ganhar a torcida do público.

Manu e Davi vão se apaixonar e também vão competir entre eles para ganhar o reality show proposto por Jonas Marra. Dessa competição certamente muitos conflitos interessantes podem surgir para a trama da novela.

Por último, cabe falar da trilha sonora, que vai de Elza Soares a MC Guimê, passando por Bonde do Rolê, um exemplo de como a novela quer abraçar as diversas faixas etárias e os mais diferentes públicos. As músicas casam, ainda, com o colorido e a agilidade de Geração Brasil.

Como nem tudo é perfeito, a novela tem Fiuk (Alex), que consegue ser canastrão mesmo com meia dúzia de falas a decorar.

Geração Brasil tem tudo para ser um sucesso, em especial porque fisga o telespectador em um ponto que ele sentia falta: o riso. O único cuidado que tem de tomar é o de criar uma identidade própria e não tentar a todo custo emular o sucesso de Cheias de Charme. Fôlego para isso a novela mostrou ter.



Uol

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