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Skatista não é marginal!

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Quem já não foi chamado/a implícita e explicitamente de marginal? Aliás, já virou praxe esse lance de associarem skatista com marginalidades! O que eu posso dizer? Nós somos estranhos pra caramba mesmo. Maldita hora em que ao invés de ficarmos em casa assistindo TV, pegamos nossas “tábuas” e saímos que nem uns loucos atrás de picos.
Eu mesma já perdi a conta de quantas vezes fui olhada como marginal...a última que me lembro foi de um tio de uma amiga que ficou bravo com ela pq ela tava andando com uma “marginalzinha”, achei tanta graça, e fiquei me perguntando sobre essas idéias que as pessoas tem da gente.
Todo mundo sabe que o lance é o seguinte: algumas pessoas vivem num luxo absurdo enquanto o resto da humanidade tenta sobreviver. Quem tem uma vida de luxo não quer, lógico, sair dela, e são justamente essas pessoas que detém o poder, seja nos senados, nas grandes empresas ou na formação da opinião pública. Assim, pra esse pessoal é importante manter a estrutura como está, mas pra isso precisam de que as pessoas não se revoltem, precisam de verdadeiros robôs, e pra continuar lucrando através delas.
Além de obter o lucro em cima do trabalho das pessoas, precisam criar uma mentalidade submissa, como eu já disse: Querem que pensemos conforme os jornais pensem, pra termos a mesma opinião burguesa que eles; querem que a gente se vista com o que eles ditam ser o certo; querem que a gente fale como eles ditam ser o correto; querem impor qual arte é a verdadeira, que opinião presta, enfim, querem nos controlar, querem criar uma ilusão de que vivemos no luxo que construímos pra eles, nos infiltrar na burguesia, quando na verdade só estamos assistindo mais um capítulo da novela e achando todo aquele luxo dahora, tentamos ser iguais, vestir igual eles vestem, falar os mesmos bordões, pensar futilmente como pensam, a única coisa que temos a ver com a burguesia é a ilusão que participamos dela, é a mentalidade opressora, que é nociva a nós mesmos.
E na verdade eles conseguem mesmo com que a população seja manipulada, com que pensemos dessa forma, é só lembrar quantas vezes olharam torto pra suas roupas, quantas vezes te subestimaram por estar com um skate? Quantas vezes não te acharam marginal por dizer gírias? Quantas vezes não olharam feio por seu modo de viver? Por que em suas cabeças tudo que foge dos padrões é errado. Os olhos da sociedade estão voltados contra tudo aquilo que não está nos padrões, tudo que foge dos valores que ensinaram a eles. Já parou pra analisar o que satisfaz essas pessoas: disputar pra ver quem “cata” mais, disputar quem tem as melhores roupas, carros! Respeito? Merece respeito quem tem mais grana, status é o que vale! E tudo conforme a moda dita.
Acontece que o skate, o mundo do skate, não reproduz essa mentalidade ditada, criou a sua própria arte, e não apenas reproduziu as grandes telas de obra de arte em seus silks; criou própria maneira de falar; criou suas roupas, por estar em constante contato com as ruas criou suas próprias opiniões, um skatista não precisa se vestir na última moda, ter o último carro, pra se satisfazer, acertar uma manobra já é uma satisfação, que pessoa não estranharia? Toda nossa postura incomoda os “grandes” que formam a opinião da sociedade, mas o skate sempre vai incomodar porque não compactua e nem reproduz essa merda opressora, o skate, por essência, cria, e o que é criativo vai contra os padrões burros, limitados, fúteis do sistema.
Maldita hora para eles quando desligamos nossa TV e fomos andar de skate! Se ser marginal é estar á margem desses padrões, desses valores, então, obrigada pelos “marginalzinhas”, sou marginal com muito orgulho, marginal até o fim!


Por Ralino Campelli e On The Rock CM.Pi.


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